quinta-feira, 9 de abril de 2009

JOÃO SALDANHA - FINAL


O internauta pode acompanhar aqui no Gothe Gol, algumas passagens da biografia do jornalista João Saldanha, escrita por André Ike Siqueira e publicada pela Companhia Editora Nacional. Maior jornalista esportivo da história do Brasil, comunista militante, dirigente e técnico do Botafogo, técnico da seleção brasileira nas eliminatórias para a Copa do mundo de 1970 no México, foi grande personagem do país em vida e é debatido mesmo depois de 19 anos de sua morte.

Um dos episódios mais polêmicos da vida de Saldanha foi sua passagem vitoriosa pela seleção quando classificou o Brasil de forma invicta para a Copa mexicana, e depois foi demitido pela CBD de João Havelange por motivos até hoje não bem explicados. Sua opção política contra o regime militar, sempre foi a explicação histórica para o episódio, a outra, a negativa de chamar Dario por vontade do General Médici, mas no fim de sua existência, João deu outra versão.

O fato de afastar Pelé do time porque o rei vinha atuando mal por problemas de visão e outras lesões teria, segundo ele, sido o fator principal, mas que tinha como pano de fundo na realidade a denúncia que fazia da exploração dos jogadores brasileiros que, mesmo às vezes bichados, eram obrigados a atuar pelas cotas que a Confederação e seus dirigentes recebiam por suas presenças, em especial Pelé. Ele queria poupar Pelé e Gerson para a Copa, enquanto Havelange & Cia eram contrários, porque isso faria com que se perdesse dinheiro.

João Saldanha embarcou para a Copa de 90 na Itália numa viagem sem volta. Já muito debilitado pela dificuldade de respirar, passou muito mal no vôo de ida quando quase morreu e passou a maior parte do tempo, num quarto de hotel, driblando a morte. Chegou a estar em estádios e jogos e não deixou nunca de enviar sua coluna ao jornal que trabalhava, usando uma máquina de escrever até num leito de hospital.

Terminou vencido, como quem não tem condições mais de agüentar os 90 minutos e foi levado em plena realização de uma Copa do Mundo, lugar onde mais amava estar. O que João mais amou foi o futebol e o comunismo, não necessariamente nesta ordem.

Em uma de suas últimas entrevistas sobre futebol, disse que viveu intensamente sua vida dentro do Botafogo, mas que na realidade ninguém deixa de ser o que escolheu quando criança, no seu caso, um eterno Gremista. Na política fez militância na prática, lutando por uma melhor vida para as pessoas, fosse na reforma agrária no Paraná, fosse na luta contra o regime militar em ações no Brasil ou no exterior, quando usava as viagens da seleção para enviar dinheiro aos exilados e a sua condição de técnico da seleção mais famosa do mundo para denunciar a tortura no país.

Se tivesse que ficar com um só depoimento sobre Saldanha, ficaria com o do craque Tostão, jogador da maior seleção de todos os tempos, do maior time de todos os tempos, a seleção brasileira da Copa de 1970, no México.

“ A pessoa dele é muito maior que a obra. Sem pose, sem frescura, ele era humano, a própria essência humana. Descontraído, largado, solto. Era livre de tudo, no jeito de vestir, de falar. Uma pessoa autêntica. Idealista, sonhador, desejando a vida melhor para todo mundo. Eu queria ser como ele. Ele não representava, ele era “.

Tostão.

Um comentário:

LUIS RODALLES disse...

Tricolor ou Multi-color ???
A imagem do dia define muito bem o que é ser um MULTI-COLOR. Pensei que o Gothe era tricolor, mas me enganei... que decepção.
Acho que ainda há conserto, pois, é um cara jovem...

Brincadeira a parte se escapamos bonito outra vez. hehehehe

Abração,
Luis Rodalles