sábado, 3 de abril de 2010

GRANDES JOGOS DO MARACANÃ


É o ponta-pé inicial anunciado da série GRANDES JOGOS DO MARACANÃ e que começa contando o dia do maior público que habitou o estádio na cidade do Rio de Janeiro. Jogaram Brasil e Paraguay pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1970. Foram 192.781 presentes naquele 31 de agosto de 1969.


Havia receio até mesmo de uma tragégia em função da superlotação, tanto que a transmissão do jogo foi liberada para o próprio Rio de Janeiro com 3 horas de antecedência. O que poucos se deram conta a época é que no mesmo instante em que a bola rolava, o Almirante Augusto Redemaker e o Marechal-do-ar Márcio de Souza Mello reuniam-se no Palácio Guanabara, Zona Sul da cidade, e afastavam o Presidente General Arthur da Costa e Silva, que fora vítima de trombose, assumindo o cargo por tempo indeterminado.


Naquele espetacular time de João Saldanha como podemos verficar na imagem acima, apenas Djalma Dias, Joel Camargo e Rildo, todos do Santos, não foram titulares na Copa do México. A vitória veio num gol de Pelé aos 23 minutos da etapa decisiva, que marcou no rebote do goleiro paraguaio Aguillera, em chute de Edu, que driblou Enciso para arrematar.


Agora confira o ponto de Vista de Tostão (foto), que jogou a partida e na época era jogador do Cruzeiro.

" Por que houve tanto público e tanto entusiasmo por esse jogo? Valia classificação. Na época, os riscos de uma grande seleção não ir à Copa eram muito maiores que os de hoje. Mesmo ganhando todas as partidas, o Brasil ainda dependia de um empate contra o Paraguai. Outra razão para o entusiasmo foi a recuperação do prestígio do futebol brasileiro. Após a Copa de 1966, quando o Brasil foi desclassificado na primeira fase e a Inglaterra foi campeã, diziam que o estilo brasileiro de jogar estava ultrapassado pela velocidade, preparação física e disciplina tática dos europeus. Daí, as palavras enfurecidas de Nelson Rodrigues, quando chamou os críticos brasileiros de idiotas da objetividade. As brilhantes atuações nos jogos anteriores, pelas Eliminatórias, das "Feras do Saldanha", como era chamado o time brasileiro, fascinaram o público. Antes, o Brasil já tinha vencido a Inglaterra no Maracanã. A festa da classificação já estava pronta, sem a prepotência do Mundial de 1950. Mas foi um jogo difícil. O Paraguai, que tinha ótima defesa, formou duas linhas de quatro perto da área. Não havia espaços para tabelinhas, dribles e trocas de passes, características da Seleção. O gol só saiu no segundo tempo. Edu finalizou de fora da área, o goleiro largou e eu e Pelé entramos juntos para tocar a bola para dentro. Dei uma parada para não atrapalhá-lo. O Rei tinha preferência. Zagallo assumiu o comando da Seleção perto da Copa de 1970 e trocou o ponta Edu pelo armador Rivelino, além de ter escalado Piazza na zaga. Se Saldanha fosse o técnico no Mundial, o Brasil venceria e brilharia do mesmo jeito? Há várias maneiras de ganhar e perder."

Tostão.

* Obra de Roberto Assaf e Roger Garcia e fotos do Gothe Gol

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