Entusiasta, polêmico, talentoso, instável, inovador, vetusto, sonhador, incorrigível, fraterno, ácido. Todos esses adjetivos cabem perfeitamente em uma única pessoa, mais sublinhados algumas vezes, tênues e desapercebidos em outras tantas oportunidades. Breno Kreuzner, nascido em 13 de julho de 1957 em Porto Alegre, portanto a 50 anos, é nome conhecido e muito participante do Futebol de Mesa Gaúcho. Fundador de uma das mais tradicionais entidades do esporte na cidade, entre outras coisas, trouxe a regra brasileira para o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, e recentemente também os rápidos (lisos) que defende de forma tão veemente. O Editor resolveu desta vez, ao contrário de outras entrevistas, começá-la de maneira mais direta, aproveitando melhor a verve de seu entrevistado, para ir aos poucos tomando caminhos mais amenos. Agora aqui no Blog Gothe Gol, você conhece um pouco da história, das opiniões, um pouco do que sente e pensa um dos maiores incentivadores do Futmesa do Rio Grande do Sul.
Qual o seu grande objetivo em termos de competições para este ano ?Por partes, quanto à modalidade cavado, a qual estou retomando com muita dedicação, creio que esteja na hora levantar um título no Grêmio. Não entendo até hoje de como de uma passagem vitoriosa pelo GEVI, não consegui desenvolver mais o futebol de mesa de antes, e mais, jogando contra os mesmos parceiros da entidade anterior. Quanto à modalidade liso, creio que esteja na hora de conquistar um título Estadual, mas sei que é difícil, visto a grande quantidade de botonistas de alto nível na modalidade. Estou treinando para isto. Para este ano estou motivado e com um time competitivo, os “Littles”, que de duas competições em que participei tive a felicidade de conquistar ambas.
Acredita que o Grêmio tem alguma chance de arrebatar título externo importante na temporada ?Creio que sim, principalmente na modalidade liso. Na modalidade cavado o furo é mais embaixo.
Qual seria a competição com maior possibilidade para o Grêmio ?O III Estadual de Liso.
Você começou bem o ano, Campeão da Copa Mimo de rápidos (liso) e lidera a fase classificatória de cavados. Não acredita que se dedicando mais aos botões lisos, jogando inclusive com liso no cavado (integralmente como o botonista César Keunecke), poderá obter melhores resultados do que nos últimos anos ?Com certeza, me adaptei bem jogando com 5 cavados e 5 lisos em minha equipe, principalmente no chute de longa distância onde prevalece a vantagem do liso. Apenas para argumento, nesta competição atual de cavados joguei 7 partidas e fiz 24 gols.
Qual o seu grande adversário interno este ano nos rápidos (liso) ?Sem sombra de dúvidas o amigo Carlos “Casca-Grossa” Kuhn, apesar de que nas últimas duas competições tive a sorte de vencê-lo, ambas partidas por 2x1 (uma na prorrogação) e com os 4 gols marcados pelo Cristiano Ronaldo.
E nas competições externas de rápidos (liso) ?Ah! Muitos são os que considero “craques”, cito alguns: Marcelo Vinhas, Felipe Souza, Pierobon, Luis Fernando, Marquinho, Luis Antônio, etc, etc.
Inegavelmente Breno vs. Gothe, independente de outros jogadores terem mais peso nas temporadas, é considerado o clássico de maior rivalidade no Grêmio. Acredita ainda no valor deste clássico, ou pensa que ele perdeu em importância por não decidir tantos títulos como acontecia no GEVI ?Sem sombra de dúvidas o jogo BRENO x GOTHE sempre será um clássico. Desde o tempo em que nos defrontávamos em competições caseiras o jogo pegava fogo. Curiosidade na época era que quando jogávamos em minha casa havia 2 dedos de distância entre as laterais do goleiro e dos postes, porém, nos jogos na casa do Gothe a bola só entrava “de pé”. Fazer gol na casa do Gothe era um parto e assim mesmo consegui vencer uma final inacreditável onde até hoje não sabemos como a bola entrou. Época muito boa aquela e que tenho saudades.
Quais você considera hoje os grandes nomes do Futebol de Mesa Gaúcho ?Marcelo Vinhas, Alex, Luis Antônio, Marquinho e Victor Mecking.
Se tivesse que jogar com outro time, que não o United, qual seria ?Sem preferência, pois já joguei com a Internazionale, Lázio, Grêmio, Leeds United, Parma, Brasil de Pelotas, Flamengo, Cruzeiro BH, e PSV (time com que eu iniciei na AFUMEPA).
Qual é o seu jogo inesquecível ?Final do Estadual de 2004. Aquela cruzada de bola do meio-campo (desnecessária) que rebotou para o golaço do Victor, gol que lhe deu o título de campeão gaúcho, ainda me vêm na cabeça. Faltavam apenas 9 minutos para terminar a partida e ir para os pênaltis. Com a mão que estava no dia, pois venci nos pênaltis ao Emerson e ao Augusto, poderia ter sido ali a minha melhor e única oportunidade de minha vida mesa-futebolista para conseguir um título Estadual de Cavados. Paciência! Fazer o quê ?
Qual o gol inesquecível ?Sem dúvidas o da final do Estadual por Equipes contra a Riograndina, pela AFUMEPA. Ao faltar 5 minutos do final, em chute cruzado com a bola encima da linha lateral e meu botão tangenciando a linha da minha grande área pela direita. A bola foi por cima do goleiro, batendo primeiro no poste direito e após no esquerdo antes de entrar (tudo por cima do goleiro). Detalhe, estávamos vencendo em duas mesas (César e Giacobbo) e perdendo noutra (Cláudio). Uma falta naquele momento poderia decretar ao invés da vitória, uma disputa de pênaltis. Dei muita sorte! Chutei porque queria vencer, pois havia perdido para o mesmo botonista na fase de classificação. Mas tenho convicção que foi um pouco irresponsável de minha parte. Lembro até hoje o Sérgio Oliveira “branco” dizendo para eu não chutar a bola. Após o gol ninguém continha as lágrimas do Sérgio. O destino porém me presenteou com este que considero o meu maior golaço. Lembro ainda que o amigo Guido, ao me cumprimentar, disse: “ Foi o gol mais bonito que já vi”. Foi demais!
Qual o título inesquecível ?O da Copa dos Campeões de 2007 onde com os “Littles” enfrentei o FLU do Kuhn. A 5 minutos do final o Kuhn faz 0 a 1. Numa cobertura curta pela sua lateral esquerda, no último lance da partida, sobra para o Cristiano Ronaldo pela direita. Soa o relógio. Era o último chute, ou vai ou racha, e a bola bateu no poste oposto e entrou na gaveta. Agora, uma coisa praticamente inacreditável. No 1º lance da prorrogação (10 segundos), o Kuhn, no único toque que deu na prorrogação, falhou e Cristiano Ronaldo de longe, meteu no mesmo ângulo. Não acreditei. Foram 2 gols em 10 segundos. Incrível. Testemunhas da decisão foram o Reginho Golaço e o Juliano.
Você jogou em algumas entidades, quais jogou, e qual a que mais lhe marcou ?A que mais me marcou foi aquela que ajudei a fundar, qual seja, a AFUMEPA. Tenho orgulho de ter sido um dos 11 amigos que fundaram a associação. Depois fui para a AABB, após METROPOLITANA e depois GEVI. Em 2002, através de uma sugestão do amigo MIMO, fui visitar o depto. de futebol do Grêmio e tive o grande prazer de conhecer o Foscheira, e ajudei a abrir a regra brasileira no Grêmio.
Quem é a sua referência no Futebol de Mesa e por quê ?São dois. O Primeiro sem sobra de dúvidas o CLÁUDIO SCHEMES (pai), especialíssimo incentivador do Futebol de Mesa gaúcho e que praticamente cedeu sua morada para que fundássemos a AFUMEPA, local aliás onde disputávamos todas as competições. E agora o meu grande amigo CARLOS FOSCHIERA. O cara é um batalhador que chega a emocionar aos que a seu lado se encontram. Incansável. Um exemplo !
Qual o futuro do esporte na sua visão e o que deve ser feito para que tenha vida longa ?Com certeza a divulgação maior do esporte para as crianças, pois hoje perdemos espaço para outros meios de diversão, tais como o Vídeo-Game. Além do que, na época atual, os guris amadurecem bem mais rapidamente e já começam a namorar mais cedo, e que futebol de mesa que nada ! Coisa que no nosso tempo não era assim.
Em que ano começou a jogar ?Oficialmente foi no Inter, regra gaúcha pelos anos de 1977. Jogava no Gigantinho.
Qual foi o primeiro time no Futebol de Mesa ?Aqueles panelinhas com figuras embutidas, Santos (branco), São Paulo (vermelho), Corinthians (preto) e São Paulo (vermelho). Ditão, Servilho, Pelé... etc.
Qual foi o primeiro time na regra brasileira ?PSV EINDHOVEN.
O agradecimento do Editor a entrevista concedida pelo amigo Breno Kreuzner. As vezes as rivalidades se derramam sobre as posições defendidas, pela forte convicção das pessoas a respeito do que pensam, e isso invariavelmente acontece de todas as partes. Então perdemos nós, perde o clube, perdem todos. Mas é emblemático recuperarmos caminhos, e recolorir uma rivalidade que na mesa, é uma das mais fortes, bonitas, vibrantes e emocionantes que o Futebol de Mesa pode ter a cada encontro escrita em suas páginas, por aqueles que de fato amam este esporte.
* Ainda nesta sexta-feira no Gothe Gol, um resumo e imagens dos jogos de cavados e rápidos do Troféu Grêmio 2008 que aconteceram na noite de quinta, com histórias de bastidores que só lendo para acreditar. A dicas de final de semana, a IMAGEM DO DIA e as informações sobre o Torneio Aberto Cidade de Porto Alegre que o Grêmio e a Prefeitura Municipal realizam em comemoração aos 236 anos da cidade.
